Contrastes
Este fim de semana visitei um local que já não visitava há alguns anos. Devo dizer que foi a possibilidade de enfrentar o contraste e subir a barreira que existe entre o passado e o presente e o viver recordações que deixam saudades do que o tempo queimou. Deixam saudades porque esse passado foi contemplado pela idade da inocência, a infância. Aquela idade onde não há grandes preocupações (se é que chega a haver preocupações) e onde o mal, com as diveresas facetas que hoje conhecemos, ainda não passava de uma coisa 'meio' abstracta. Aquela idade em que só se pensava em viver os dias cheios de intensidade e alegria, em constante divertimento e aproveitando cada minuto, cada segundo, todo esses momentos que já la vão e agora são chamados ao presente para ocupar espaços vazios e silenciosos.
Foi um constraste reparar nas tranformações que puderam acontecer com o passar do tempo. O sítio, as pessoas. O sítio sofreu alterações, as pessoas sofreram alterações. O sítio onde conhecia cada canto já não é o mesmo, nunca mais pode ser o mesmo, os olhos que o viram antes nunca mais o vão ver de novo, não da mesma forma. As pessoas nas quais conhecia as virtudes, os defeitos (coisa que naquela altura não era posto em causa), já não são as mesmas, nunca mais podem ser as mesmas. O tempo e as circunstâncias encarregaram-se de quebrar e dispersar aquelas correntes de ferro transparentes que se mantinham unidas todos os dias e que faziam toda a diferença.
Estava aqui à procura, no baú das recordações, de vestígios dessas correntes, mas só consigo encontrar alguns fragmentos das mesmas. Vou ter que procurar melhor noutro dia, noutro dia com mais calma.
O contraste do passado e do presente é como a guilhotina que chacina as palavras que ficam em cinzas porque a memoria não as guardou como se fossem dignas disso.
ResponderEliminarNunca nos devemos esquecer que é no baú das recordações que está a chave para o que somos, ou melhor, no que nos tornamos.
As correntes que falas deixam as marcas do metal por tudo o que é sítio, mas quem não os tem?
Somos fragmentos uns dos outros, porque nem sempre o contraste do tempo diz o mesmo o que os olhos…
o que eu estava procurando, obrigado
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