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A mostrar mensagens de 2012

Tempestade

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Dentro de mim existe uma tempestade de sentimentos que tenho dificuldades em cataloga-los por serem tão contraditórios quando comparados uns com os outros. Uma revolução que me deixa desnorteado e sem saber o que pensar porque a agitação é de tal forma grande que a calma necessária para articular qualquer pensamento é escassa. Preferia obviamente estar a viver uma espécie de euforia no sentido positivo daquilo que podemos considerar uma euforia, mas infelizmente não é esse tipo de intempérie que percorre quem eu sou nesses últimos tempos. Quero sentir alegria, felicidade, esperança (quem não queria nos tempos que correm?!), mas é difícil encontrar os motivos que justifiquem esses estados de espírito a longo prazo ou de forma duradoura. Ao invés disso sinto uma dormência de vontades que se transforma numa espécie de raiva que por sua vez se transforma numa espécie de inutilidade, incapacidade de reagir, de lutar e reivindicar qualquer coisa que nem eu próprio percebo bem o quê porq

Nadar

Tento nadar neste mar revolto ao mesmo tempo que sinto o medo tomar conta de mim e impede-me de aventurar muito nas suas águas. É como se me escondesse atrás de uma rocha à espera que a tempestade passe e as ondas se desvaneçam suavemente como se adormecessem num manto de agua ou fizessem as pazes com as rochas da encosta.  Quero sair dessa espécie de bóia de salvação e aventurar-me nessas águas onde podem haver outras pessoas que também se tentam manter à superfície. Chego a pensar em cobardia, cobardia de enfrentar a tempestade, as ondas, a fúria do desconhecido, o receio das consequências. Entretanto tenho noção que a minha segurança pode significar a incapacidade de ajudar quem também se encontra nessas águas incertas, imprevisíveis e geladas. Há vento, há chuva e há medo, há incerteza e há o tempo que também não pára e não espera por ninguém e o som, o som é o assobio do vento e é como um sussurro que me diz ou pretende dizer que há que tomar decisões. Será esse vento verdadeiro,

Retroceder

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Sei que não são poucas as vezes e que também não sou o único... a desejar conseguir, de algum modo, poder voltar atrás no tempo, dar um pulo ao passado, dar um pulo a qualquer momento que pudesse marcar a diferença no presente e por conseguinte no futuro que se aproxima. Voltar atrás para poder alterar alguma decisão que por sua vez seria responsável por alterar o agora. Diversas são as razões que muitas vezes nos fazem querer retroceder, mas infelizmente não podemos fazer isso porque as decisões só podem ser tomadas uma vez porque elas têm o seu tempo e o tempo presente onde acontecem as coisas, o agora, esse instante, que só acontece uma vez, e é tão ínfimo que estas minhas palavras não são capazes de o acompanhar, porque desde o momento em que elas surgiram na minha cabeça, até ao momento em que já saíram dos meus dedos e apareceram aqui neste ecrã, já se passaram tantos segundos, tantos instantes, tantos "agoras" que já são parte do passado. E mesmo após esses momentos,

B-Day

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Este é, ou foi, mais uma vez aquele dia que quero que chegue, que quero que não chegue, que quero que dure e que ao mesmo tempo quero que passe depressa. Um misto de sentimentos e pensamentos que driblam na minha cabeça e que muitas vezes se perdem pelas linhas que contornam a realidade. Creio que seja normal para muitas pessoas esta invasão de contradições e que este dia seja um dia que dá mais para reflectir do que para festejar ou comemorar. Não se trata de se ser ingrato por se ignorar que se deve celebrar um aniversário, celebrar o facto de se completar mais um ano de vida, sobretudo se estamos minimamente bem de saúde, no entanto, cada qual tem a sua forma de interpretar o seu mundo e há certas coisas que por vezes nos dificultam a tarefa de tornar este dia num dia especial porque sabemos que é quase só mais um dia e que amanhã existirão problemas que continuarão a estar por resolver. Gostava de conseguir pensar de forma diferente e de certa forma vou tentando fazer isso, que

da Noite, o Dia!

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Inúmeras vezes me questiono acerca desse vosso vaguear nocturno pelas ruas de uma vila vazia, muitas vezes fria, silenciosamente adormecida na noite e num sono esporadicamente interrompido pelo barulho de alguma viatura que circula vindo de algures e dirigindo-se para qualquer sítio. Talvez vocês dois façam da noite o vosso dia e essa parece-me uma suposição relativamente fácil de se fazer e tudo o resto permanece, pelo menos para mim, como uma espécie de mistério. O desconhecido é para nós como um mistério.  Talvez eu esteja a criar ideias que incidem sobre algo normal. Algo normal como sair à noite. E se calhar estou a fazer isso algo mais estranho ou incomum do que realmente o é. Não conheço o vosso passado, nem tão pouco o vosso presente ou futuro, mas não consigo deixar de me questionar acerca dessa vossa opção de abandonar os vossos lares e vir andar sem destino pelas ruas desta vila. Sei que a noite consegue ser mágica e despertar em nós sentimentos que durante o dia estão

Pausa nas palavras

Hoje faço uma pausa e deixo as palavras de lado, hoje a sobremesa não são palavras. Talvez hoje não esteja com fome de palavras e em alternativa sinto uma vontade de ver pessoas, de saber e sentir que há pessoas nesse mesmo mundo que por opção ou por instinto, tendo a deixar de fora quando mergulho temporariamente em oceanos de palavras. Essa vontade de ver pessoas não surge do nada. Surge devido a um cansaço, um cansaço talvez visual talvez mental, talvez apenas ilusório, causado pela rotina e consequente isolamento. Surge também devido à claridade luminosa oferecida por um esplêndido dia de sol que ilumina as ruas, os passeios, os carros, as pessoas e tudo o que consegue abranger, libertando um pouco os pensamentos da escuridão imposta através das mais diversas formas de expressão. Vejo pessoas que hoje passam nestas ruas e que provavelmente nunca o voltarão a fazer. São pessoas que vêm de longe, de muito longe, de lugares que desconheço e de lugares que talvez só conheça pelo nome

Há mais de uma década

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Há mais de uma década que não te via. Não te via a ti e não via a tua prima e mais umas quantas pessoas. Hoje encontrei-te, no entanto continuo sem nunca mais ter visto a tua prima e sem saber nada sobre o seu paradeiro. Não é que ela esteja desaparecida do mundo, pois é possível que ela só esteja desaparecida para aquelas pessoas que possam pensar nela e nunca mais tiveram notícias sobre ela. Certamente estará a fazer o que muitos de nós faz...viver a sua vida. Mas voltando ao encontrar-te...Foi com surpresa que reagimos por estarmos frente a frente novamente depois deste tempo todo. Foi sem dúvida um encontro relativamente fugaz, quase um encontro de quem passa na rua e cumprimenta alguém que também por acaso trilhava aquela rua como parte de um destino ou de uma partida. Felizmente houve tempo para trocar algumas palavras, que sempre sabem melhor do que um cumprimento exprimido através de uma pergunta sem resposta, uma daquelas perguntas solitárias que já não esperam resposta. D

Outrora

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Outrora...era capaz de caminhar na tua direcção para poder trocar um cumprimento e algumas palavras, seria um bocado de tempo bem passado, mas hoje, hoje parece que há um vazio que o tempo se encarregou de encher. Poderia na mesma caminhar na tua direcção e trocar um cumprimento, mas...e depois? Falaríamos sobre o tempo?!  Falaríamos  sobre as péssimas e já aborrecidas notícias que nos perseguem diariamente?!  Falaríamos  sobre nada?!  Talvez  utilizássemos  palavras de silêncio que poderiam parecer gritos ou um giz a passar num quadro de pedra devido ao seu constrangimento. Seria terrível se fosse isso que acontecesse todas as vezes que as pessoas que se conhecem, por algum motivo seguissem na direcção para a qual podia haver  uma placa apontando e que dizia "Evitar". Infelizmente as relações entre as pessoas podem ser como um monte de neve que acaba por se derreter e transformar em água para depois ser evaporada, sugada pelo ar tornando-se em algo quase abstracto. Será e

Sensação de paz...

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Nos últimos tempos, o meu tempo, tem sido de certa forma dividido entre um estar na realidade e um estar num mundo ligeiramente à parte dessa realidade, como se eu me pudesse esconder momentaneamente numa cápsula ou numa bolha de sabão, de modo a poder abstrair-me do que me rodeia. Essa divisão faz com que pareça ter um limite de tempo, um limite que se vai redefinindo constantemente, podem ser horas, dias, semanas, e nesse limite, tento estar alheio a determinados problemas, a determinadas situações que me levam a becos que nem sei se têm saída. Entretanto chega a hora de regressar à realidade, a bolha explode, espalha-se no ar em ínfimas gotas de água que desaparecem. É uma sensação ambígua. Pode-se dizer que é um pouco como  aquela sensação de Domingo ao fim da tarde ou à noite. Já que falo em noite...penso agora como sabe bem acordar a meio da noite depois de um sonho que, por mais estranho que seja, nos deixa com uma sensação de paz que nem sei descrever, mas que é como se sub

Porque Escrevo...se me transformasse em palavras

"E disse que eu não imaginava a importância das minhas palavras no mundo. Eu, rodeado de silêncio, disse-lhe que não havia palavras que me pertencessem.  Perguntou-me o que é que eu escrevia nos livros. Respondi-lhe que me escrevia a mim. Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridículas: amor, esperança, estrelas, e nas palavras mais belas: claridade, pureza, céu. Transformo-me todo em palavras. Ele olhou-me, e tudo isto ele sabia antes de me ter perguntado." José Luís Peixoto, em "Uma Casa na Escuridão" Hoje, se me escrevesse, se me transformasse em palavras, seriam palavras liquidas e quentes. Um quente que haveria de arrefecer e secar com o passar do tempo e cujos efeitos poderiam ser antagónicos. Gostaria de falar de esperança como gostaria de falar de amor, gostaria de poder dedicar-me a falar de coisas ridículas e banais, falar só por falar, mas infel