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A mostrar mensagens de março, 2009

Earthquake

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De um momento para o outro foi como se sentisse um tremor de terra, a morte da imobilidade, o chão parecia falhar e balançar debaixo dos meus pés como se estivesse tudo dentro de um baloiço gigante, e por mais que tentasse estar quieto, eu sabia que era tempo perdido. As paredes embalavam-se mutuamente e o tecto fazia companhia ao movimento do chão. Apesar de toda esta agitação, todo esse frenesim, eu ouvia somente o silêncio, o silêncio proveniente do poderoso som das palavras que se sobreponham umas às outras como se fossem ganhando velocidade e perdendo controle e ao mesmo tempo a ganharem dimensões cada vez maiores. Até que elas esgotaram-se e apercebi-me que afinal estava tudo imóvel à minha volta, e o terramoto, era apenas eu a tentar lidar com o impacto, um impacto que não é o de acidente rodoviário, é um impacto que não sei descrever. Agora que a tempestade vai passar e resta esperar que depois chegue a bonança [como costumam dizer] para voltar a arrumar as palavras que se espa

Contradições

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Sentado no meio do nada encontro-me a vaguear na ansiedade de querer viver tudo e não querer viver nada ao mesmo tempo. Na inquietude de querer ter um álbum de páginas ilimitadas e nele guardar um areal de recordações e ao mesmo tempo ter uma sebenta repleta de páginas em branco sem o mais pequeno rabisco. No desassossego de querer recordar o dia de ontem, mas querer chegar ao dia de amanhã e não querer recordar o dia de hoje. No silêncio e no calor do meu canto eu encontro a paz, a tranquilidade e o controle que me faz sentir bem, mas sei que tudo isso é relativo e temporário, porque basta olhar através da mais pequena brecha para ver e ouvir o verdadeiro som da realidade, o turbilhão de actos, palavras e sentimentos que me ultrapassam. Fico com vontade de fugir para o calor de uma fogueira no interior de uma caverna e limitar-me a ficar ali sentado a olhar para a dança das sombras nas suas paredes irregulares até adormecer e esquecer os problemas em vez de vaguear nas contradições q

Muro

O meu olhar perde-se nos tons de amarelo e vermelho [e por consequência nos de laranja também] de mais um por-do-sol e imagino que estou na minúscula janela daquele moinho que visto à distância, se funde no resto de tudo o que o rodeia, como se ele fizesse parte daquele conjunto e assim fosse permanecer para sempre, não passando tudo de uma sombra à frente do calor daquelas cores. Há já algum tempo que as hélices, ou pás, daquele moinho se desprenderam do vento e estão agora jungidas até a o último sopro do meu estado de espírito, do meu coração. Por esse motivo, o seu movimento tem sido inconstante e imprevisível. Ora está sereno como o leve abanar de uma espiga de trigo, ora está agitado como um cata-vento num dia de Inverno. Quando não estou lá, estou no mundo real a tentar enfrentar as contradições daquilo que tem de ser, daquilo que deve ser e daquilo que eu gostaria que fosse, e por momentos, o meu caminho parece ser abruptamente interrompido por um enorme muro que me diz ser a

O regresso do respiradouro

Hoje deixo aqui mais uma das excelentes cenas desta série [mesmo que aquilo que esteja por detrás das imagens seja algo triste]. E para quem a acompanha não será necessário fazer grandes comentários acerca desse já conhecido respiradouro e o seu significado. Agora, quando o respiradouro já parecia estar um pouco esquecido, eis que ele surge novamente como se fosse um toque de mestre, e tal como a cena mostra, nem sempre são precisas palavras para percebermos o que nos querem dizer ou para fazermos os outros perceberem o que queremos dizer. Eu pessoalmente tenho tendência em fazer perder as palavras que tenho e já o faço quase inconscientemente, é como se as encontrasse dentro de mim e não conseguisse fazer nada com elas porque não arranjo maneira de as tirar do meio da confusão, quase ao ponto de me engasgar com elas. É como se estivesse a comer uma ameixa e a pevide ficasse presa na minha garganta. Um respiradouro era capaz de ser o que faltava para fazer as palavras verem a luz do di

Seis no Quarto

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Eram seis pessoas num quarto, mais precisamente três casais, amigos e familiares, [não vou falar de nada relacionado com "swingers" nem nada do género, aliás, nem sei bem do que vou falar] e até que não sei muito acerca daquele quarto ou de como foram ali parar e porque motivo estavam reunidos. Eram um quarto comum, tinha quatro paredes, como a maioria dos que conhecemos, mas nem sei qual era a cor delas, talvez um verde azeitona com riscas amarelas escuras. Naquele quarto reinava o silêncio, e as pessoas, umas sentadas no chão, outras na cama ou numa cadeira, por vezes trocavam o olhar quando não estavam concentradas na pequena televisão que não passava nada de interessante, talvez algum filme que já dera na televisão diversas vezes e que agora não despertava interesse. Eram pessoas que se viam algumas vezes e outras que se conheciam, mas não se viam. Não sabiam o que dizer e limitavam-se a estar unidos por uma caixa com luz e som...era uma oportunidade desperdiçada, tempo

Forever Young

Gosto da versão original [dos Alphaville], mas esta versão [dos Youth Group] não lhe fica nada atrás e sabe bem ouvir esta versão num ritmo que flui descontraidamente, quase num tom de reflexão. Neste momento, o som desta música faz-me imaginar como se tivesse eu passado a noite inteira aos pulos e pela manhã me encontrasse estafado e num estado de êxtase com um sorriso de satisfação. É estar no topo de uma montanha e ver o sol a brilhar e sentir o seu calor, saber que os objectivos haviam sido alcançados, os sonhos realizados, as amizades construidas...então isso seria como ser sempre novo, independentemente da idade e dos dias que faltassem. Podia simplesmente correr e levantar voo e sentir a adrenalina de viver cada minuto a mais e saber que cada segundo já era para mim, um bónus. Let's dance in style let's dance for a while, Heaven can wait we're only watching the skies, Hoping for the best but expecting the worst, Are you gonna drop the bomb or not? Let us die on let u

Re-vivências

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Como se eu tivesse uma torneira que de vez em quando se abre e deixa correr lentamente uma água que não sei de onde vem nem o que contém, sinto-me a ser invadido pelas suas ramificações que se alastram ao longo do meu pensamento, deformando sentimentos e pensamentos, e reformulando o meu estado de espírito, deixando nada mais nada menos que uma inquietação. É uma espécie de revolta que visa visitar certas memórias e revivê-las de forma diferente, como se eu pudesse viajar no tempo e estar presente novamente naqueles momentos e neles fazer coisas que não fiz, dizer coisas que não disse, ser quem não fui. Mas já sabemos que isso é assim, é sempre mais fácil falar do que partir para a acção, e mais fácil ainda, é falar das coisas depois de elas acontecerem. Revivo aqueles momentos com a força da realidade que compõe o ar que respiro nesse momento, sendo quase possível substituir as vivências reais por essas vivências imaginárias e fundamentadas em objectos do imaginário e ilusório. Sei qu

Nas asas da liberdade

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O vosso destino estava nas minhas mãos, na minha vontade e ao mesmo tempo na minha indecisão. Será que iriam saber ser livres? Essa não era a vossa realidade e o mundo da liberdade pode ser um mundo selvagem, com inúmeras adversidades que nunca vos passou pela frente porque eu dava-vos tudo, menos a liberdade. Mas devido à minha indecisão e à incógnita do vosso futuro, que prefiro que tenha sido decidido por mim em vez de o ser por mãos alheias, fico mais satisfeito saber que eu tomei a decisão de vos libertar...de vos libertar, de vos ver partir juntos na mais bela coreografia de um voo ...mais longo do que vocês alguma vês conseguiram imaginar ou experimentar. A liberdade era algo tão estranho para vocês que nem sequer eram capazes de se manterem de pé, deixaram-se ficar deitados de lado, assustados, simplesmente a contemplar a imensidão do enorme céu azul que estava sobre vocês e foi como se os vossos olhos fossem um balão que se foi enchendo de alegria à medida que se apercebiam