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A mostrar mensagens de abril, 2010

A visita

Fui à tua casa para te visitar mas não estavas lá. De certa forma, isso já eu sabia, mas mesmo assim fui lá. Cheguei e entrei porque a porta estava aberta...a porta está sempre aberta para os amigos. É assim que deve ser. Deixei-me ficar por lá durante algum tempo. Não estavas lá, mas ainda assim não foi por isso que deixei de ficar na tua companhia, na tua companhia através da música, que deixaste algures ligada quando saíste, e que ficou lá a tocar, a dar vida à casa, àquele espaço, independentemente do tempo que estarias a pensar ficar por fora. Talvez tenhas ido apanhar ar, libertar a mente para novos pensamentos, novas ideias, novas vivências, novas memórias, novos sons, novas palavras...Todos nós sentimos essa necessidade porque estar estagnado cansa e é como estar parado no espaço e no tempo. Quando se está nesse estado é quase como estar sem vida e não é assim que devemos viver o dia-a-dia. Vagueei pela casa guiado pelos sons e revisitei algumas das molduras dispostas aqui e a

It’s alright love, you’re in good hands

Liberto os meus braços e deixo as minhas mãos procurarem-te. Elas percorrem o vazio da escuridão, seguem o seu caminho para descobrirem o teu rosto, o teu cabelo, o teu sossego. Quando te encontram, dançam em movimentos serenos e toques suaves, que mesmo assim, causam um rebuliço no meu coração, fazendo o meu corpo estremecer em soluços quentes debaixo de uma chuva salina que aumenta a temperatura do meu ser, dos meus olhos e me faz vaguear nas memórias. Percorro essas memórias e é como se eu estivesse a descer um rio onde nas suas margens pudesse ver o reflexo da vida e em simultâneo alguns flashes de hipotéticos momentos futuros. Em certos e prolongados momentos o meu braço envolve o teu corpo puxando-o para junto do meu e é como se nesse instante me estivesse a agarrar às margens do rio à procura de um apoio, de algo para me segurar e que me ajude a regressar a terra firme. Esses troncos, essas rochas que são as tuas palavras, os teus gestos, os teus afectos, os pequenos detalhes.