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Um céu azul com algumas nuvens, umas bem delineadas e com o aspecto do algodão branco e de contornos suaves e outras mais leves e transparentes a brincarem, a desaparecerem ou a unirem-se passeando ao sabor do vento que passa devagar, não sendo mais do que uma leve brisa que nos refresca o corpo e os sentidos, com o sol a vigorar na temperatura ideal, fazendo brilhar a água transparente daquele lago, do mar ou do rio, através de pequenos pontos brancos cintilantes e irrequietos. Um enorme campo em tons de verde...coberto de relva, de vida. À sua volta surgem árvores que fazem imaginar todas as formas possíveis, sobretudo nas suas sombras caídas sobre o chão, como se estivessem deitadas sobre uma manta a descansarem, a decorarem o caminho que avança nas direcções que quisermos. Esse caminho delineado na forma de um túnel formado pelas árvores que passeiam quietas lado o lado dando a ideia de que estão ali para nos proteger...ou talvez não...acho que aqui não há perigos...devem estar ali para nos acolher e é possível vermos os raios de luz que trespassam os espaços entre os ramos e as folhas verdes e acabam unidos no chão formando manchas de luz que balanceiam conforme a suave oscilação dos ramos das árvores. O som ficava reduzido ao barulho da água que se movimenta ritmadamente pelo rio abaixo na direcção do mar, ou a água do mar a cumprimentar a encosta ou o som dá água do lago quando os peixes vagueiam de um lado para o outro. O chilrear harmónico das aves que de vez em quando desfilam nos seus passeios na liberdade do céu descrevendo movimentos de alegria e vitalidade. Cuidadosamente podia-se adicionar alguma música que complementasse, ou melhor, que enriquecesse este ambiente não quebrando as linhas dessa harmonia. Pois o som ou o silêncio da natureza já possui o seu próprio equilíbrio.
As horas passam e depois vem a noite que encerrará o dia ou apenas nos transportará para um novo despertar. Se o dia pode ter a sua magia, de certeza que a noite tem a sua. Noite, altura em que se pode embarcar nas mais longas viagens silenciosas e serenas. Viagens, essas, que podem servir simplesmente para nos encontrarmos a nós próprios quando nos deixamos perdidos por aí ao acaso ou então para encontramos aquilo que durante o dia esteve oculto. É possível que não se esteja no mesmo local em que se esteve durante o dia. Pode-se estar agora sentado num banco à beira-mar, sob a luz adormecida de um candeeiro que se expande à nossa frente e nos traz a companhia da nossa sombra, observando o mar que agora está mais escuro, mas sempre calmo e a reflectir agora as luzes dispersas e coloridas que estiveram desaparecidas durante o dia e que regressaram à noite porque é à noite que elas pertencem e a escutar a tranquilidade da noite…por vezes acompanhada pelo canto de um grilo.
No céu ainda é possível ver umas pequenas nuvens que continuam a seguir o seu caminho devagar e também podem-se ver várias estrelas que se manifestam através do seu cintilar.
Enfim…as horas vão passar, pois o relógio não pára…será hora de acordar, espero eu, para mais um dia. Mas sei que vai ser um dia diferente.
As horas passam e com elas os minutos arrastam os segundos deixando um vácuo no tempo.
ResponderEliminarNo instante de pestanejar as nuvens vagueiam nos caminhos da perdição enquanto o oceano tenta encontrar o seu limite.
Funcionamos da mesma forma, há caminhos perdidos, outros bem delineados.
Se fossemos um oceano haveria alturas que o limite há muito que já tinha sido desvendado pelas artilharias da vida.
Mais vale ir a passo lento do que querermos ser mais rápido que o próprio tempo, porque esse não espera e não acabamos sempre por ter que o fazer…