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A mostrar mensagens de junho, 2009

Naquela Janela - III

"O medo de não saber medir o poder das palavras ou o poder do silêncio quando aplicados no momento errado, o medo de não saber reagir...o medo de uma janela, daquela janela e daquele momento". Só lhe passava pela cabeça que, naquele momento, ela pudesse desistir de si, desistir da sua vida e de tudo, porque vê-la sentada naquela janela era o mesmo que vê -la caminhar em direcção ao desconhecido, na direcção do abismo. Era isso que indicavam os olhos dela. A sua cara pintada com um rasto de lágrimas que não eram mais do que as suas pegadas ao longo daquela caminhada. Ele olhava para ela e tentava ir ao encontro dela através do olhar, mas as lágrimas secavam tão depressa com o vento que soprava pela janela e levava consigo o rasto das pegadas. Mas mesmo assim ele não desistia de ir ao encontro dela, ao encontro do epicentro de toda a angústia que ela poderia sentir naquele momento. Ele sabia que aquele era o momento em que se apercebera que os seus actos não eram simples gesto

O dia de hoje

Por mais que quisesse ignorar este dia, eu sei que felizmente [e infelizmente...mas essa parte refere-se só a mim] não conseguiria porque há pessoas que não deixariam que isso acontecesse. Apesar de ser um dia igual a muitos outros em diversos aspectos, há algo nele que marca a diferença e de tempos a tempos ele estabelece simultaneamente uma meta e um ponto de partida. Mesmo que a transacção se desvaneça numa nuance de cores, de horas, de momentos, passando quase irreconhecível. Podia ser simplesmente o dia entre o ontem e o amanhã, mas o dia de hoje é um dia de reflexão [dentro do possível], como se os pensamentos dos outros dias ganhassem sons e os esses tivessem liberdade para seguir contornos diferentes desaguando em pequenos corredores. Tudo o que é inverso ao positivo nesse dia é desafiado nos pratos da balança pelo peso da felicidade [ou lá o que isso pode ser para cada um de nós] que resulta de pequenos gestos que no dia de hoje fazem diferença e dizendo isso, posso concluir

Naquela Janela - II

Um objectivo já havia sido predefinido, no entanto os caminhos que os levaram a estar naquele momento entre aquelas quatro paredes, como se conhecessem há imenso tempo, mas que na realidade ainda eram relativamente estranhos um ao outro, eram caminhos improvisados, frutos do acaso, frutos do desentendimento e da busca de sentimentos perdidos ou sentimentos nunca encontrados. O que para ela parecia ser a correcção de um erro, para ele acabava por ser a criação de outro erro, e no meio de toda a ambiguidade que dominava aquele espaço e as decisões que tinham de ser tomadas, uma espécie de afastamento falou mais alto e de um momento para o outro era como se nada fizesse sentido para ambos. Ele sentou-se no sofá, deixando os cobertores e lençóis abandonados em cima da cama e ficou em silêncio. Ela também se levantou, caminhou até à janela e sentou-se no parapeito contemplando a noite, as luzes dos edifícios ao longe e dos carros que passavam esporadicamente na rua, alguns andares mais aba

Sim e Não

Por vezes um "Não" é muito mais do que 3 letras, é muito mais do que um universo, é um infinito de acontecimentos que morreram antes de terem oportunidade de ganhar forma, morreram antes de viver. São mais que 3 letras que dão lugar ao silêncio e à vergonha. Mais que 3 letras que muitas vezes conseguem ser aquilo que verdadeiramente são...o negativo, o impossível, o invisível, o não existir, não querer nada e o não viver nem deixar viver. É preciso aprender a usar esses conjuntos de 3 letras: SIM e NÃO ....tão simples e tão complexas, tão insignificantes e tão determinantes...o tudo e o nada!