Earthquake
De um momento para o outro foi como se sentisse um tremor de terra, a morte da imobilidade, o chão parecia falhar e balançar debaixo dos meus pés como se estivesse tudo dentro de um baloiço gigante, e por mais que tentasse estar quieto, eu sabia que era tempo perdido. As paredes embalavam-se mutuamente e o tecto fazia companhia ao movimento do chão.
Apesar de toda esta agitação, todo esse frenesim, eu ouvia somente o silêncio, o silêncio proveniente do poderoso som das palavras que se sobreponham umas às outras como se fossem ganhando velocidade e perdendo controle e ao mesmo tempo a ganharem dimensões cada vez maiores. Até que elas esgotaram-se e apercebi-me que afinal estava tudo imóvel à minha volta, e o terramoto, era apenas eu a tentar lidar com o impacto, um impacto que não é o de acidente rodoviário, é um impacto que não sei descrever.
Agora que a tempestade vai passar e resta esperar que depois chegue a bonança [como costumam dizer] para voltar a arrumar as palavras que se espalharam e que agora flutuam e balançam como se fossem as penas de uma almofada rasgada. Não sei quanto tempo demorará a poeira a abater-se sobre o chão e o que fazer a seguir? Colocar simplesmente um tapete por cima e fica tudo arrumado ou varrer e limpar tudo de maneira que fique tudo como novo, como se nada tivesse acontecido e ser tudo parte de algo imaginário, abstracto, um momento no tempo.
A medida que o tempo vai passando vou sentindo pequenas réplicas e tento ignorá-las porque apesar de não terem tanta intensidade, elas fazem estremecer. Não quero ver a formação de fissuras porque não quero que fiquem vestígios desse terramoto, quero olhar para o que me rodeia e sentir a serenidade. Dizem que o tempo pode ser um óptimo amigo, vou contar com a ajuda dele, ou não fosse ele o único que não é capaz de parar ou voltar atrás, ele segue sempre em frente.
Por vezes é preciso tempo para arrumar as ideias, deixá-las de parte não resolve nada, mesmo que um terramoto nos diga algo que à partida não contássemos.
ResponderEliminarO tempo segue sempre em frente, e isso diz muito, quase tudo!
*Hugs n' smiles*
Carlos