Contradições

Sentado no meio do nada encontro-me a vaguear na ansiedade de querer viver tudo e não querer viver nada ao mesmo tempo. Na inquietude de querer ter um álbum de páginas ilimitadas e nele guardar um areal de recordações e ao mesmo tempo ter uma sebenta repleta de páginas em branco sem o mais pequeno rabisco. No desassossego de querer recordar o dia de ontem, mas querer chegar ao dia de amanhã e não querer recordar o dia de hoje.

No silêncio e no calor do meu canto eu encontro a paz, a tranquilidade e o controle que me faz sentir bem, mas sei que tudo isso é relativo e temporário, porque basta olhar através da mais pequena brecha para ver e ouvir o verdadeiro som da realidade, o turbilhão de actos, palavras e sentimentos que me ultrapassam. Fico com vontade de fugir para o calor de uma fogueira no interior de uma caverna e limitar-me a ficar ali sentado a olhar para a dança das sombras nas suas paredes irregulares até adormecer e esquecer os problemas em vez de vaguear nas contradições que não servem para nada a não ser atirar-nos para um poço de areias movediças que nos atrofiam os movimentos e nos obrigam a procurar energias para não nos afundarmos na sua ferocidade disfarçada. Acobardar-nos e ignorar a realidade pode ser mais fatal do que ser mal sucedido ao longo da caminhada, mas mesmo sabendo isso nem sempre há vontade para fazer o que parece certo, o que parece ser a solução e quando é assim não sei...

Comentários

  1. Venham elas...as contradições.

    Todos os dias lido com elas, vivo com elas e fico farto da companhia que me fazem.

    Há dias que o 1+1 bem podia ser qualquer número menos o 2. É que nem sempre o que é certo (pensamos nós) é a solução ideal.

    *Hugs n' smiles*
    Carlos

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  2. Olá,

    gostei do post mas, gostei, particularmente, do quadro.
    de quem é?

    beijinhas adoidivanadamente musicadas

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  3. desculpa as virgulas eu e as virgulas e as virgulas e eu...mas pq nao poderei eu escrever e fazer à saramago sem virgulas

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