Sentado na Rocha

O sentimento que me faz saltar e correr ao longo de todo esse labirinto comandado pelo tempo onde não encontro a saída. A saída infligida e que me faz retinir como uma pedra de cristal desfeita em gotas de água que são muito mais do que um cubo de gelo e que mesmo assim não arrefecem esse fervor que ferve sem fervilhar.
Se pudesse sentava-me na minha rocha dia e noite, fizesse sol, fizesse chuva, e retirava os ponteiro do relógio e ponha-os a descansar algures no infinito do oceano para poder ter tempo para pensar e tornar a pensar até encontrar uma solução, uma saída. Agora que o relógio estava desarmado seria mais fácil!


Durante o eclipse das horas, as memórias que abanam os atalhos do labirinto surgiriam como "flashes" das máquinas fotográficas dos "paparazzis", chegando a impedir os meus braços e as minhas mãos de desviarem a densa ramagem que se me imponha, que me encandeava o caminho deixando-me à deriva e sem conseguir avançar.
Por mais que custe, por mais absurdo, por mais triste, por mais inesperado, haverá um dia em que a ave terá de sair do ninho e descobrir como é o mundo lá fora e terá de usar as suas próprias asas para poder planar e voar, para poder manter-se no ar porque o ninho não será grande suficiente para albergar a próxima postura.



Vou procurar o meu relógio...

Comentários

  1. O fervor que ferve sem fervilhar pode ser uma redundância, mas o tempo que o relógio faz questão de o contabilizar é também uma redundância, um pleonasmo rítmico a passos contados ao segundo, perdidos em minutos, engolidos nas horas que se queimam e ninguém as vê.

    Espero que tenhas encontrado o teu relógio, o meu está no pulso mas entretanto vou o retirar de lá. Tenho que dar um certo sossego ao fervor que ferve sem fervilhar…

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

2024.3 - A passadeira

2024.1 - Solidão

17.6 - a never ending life