Momentos

Um olhar, não uma palavra por dizer, mas uma frase que saiu pela clarabóia e voou em direcção ao seu destino, procurou a voz que a chamava [ou talvez não porque nem sempre é preciso ouvir esse grito] e aí se instalou e adormeceu. Terá sonhado?! Terá tido pesadelos?! Acordou? Respondeu?

Aos poucos vem a noite, acompanhada de pequenos batimentos, de passos que deixam as suas marcas, marcas de ritmos de vida, nascem conversas, são convívios no viver da outra face da moeda, fora das amarras da obrigação. Os ponteiros deslizam desenfreadamente e o sol avisa que está a chegar aos poucos. A moeda vira-se e saem à rua os "prisioneiros"...Um dia de semana. Horas de um dia de semana.

Há momentos que ficam gravados na nossa memória pelo seu significado, pela sua força e pela sua razão de terem existido. Mesmo sabendo que não são apenas os bons momentos que ficam guardados, continuamos a dar uso ao nosso calendário, seguro com fita cola, para voltar atrás e passar algum tempo caminhando pelas lembranças como se de um passeio na praia à beira da água se trata-se, onde a água do mar cumprimenta a areia. Podemos simplesmente percorrer todo aquele areal lentamente, saboreando cada passo, cada carimbo na areia, ou então correr e sentir a brisa, sentir que ali não existem correntes.

Mas como falava de momentos, e como já havia referido num texto anterior (referia-me a séries naquele, mas nesse refiro-me à realidade), sabemos que a música, como também podia ser um cheiro ou uma cor, é um elemento extremamente importante quando se fala de armazenar fragmentos. E se não for aquela música que mais gostamos não interessa, porque ela ficou agrafada ao momento e quando a ouvirmos é daquele momento que nos vamos recordar, no entanto se forem músicas que gostamos ou que passamos a gostar por ouvi-las várias vezes, o processo de armazenamento torna-se mais simples, mais rápido e mais aprazível. E então sempre que se ouve aquela ou aquelas músicas, é como tocássemos no botão que liga a televisão e lá começasse a passar aqueles minutos de passeio, aquelas pessoas, as conversas daquele momento, a estrada, o movimento, enfim, tudo o que os nossos sentidos absorveram enquanto aquela música tocava.

E aquele cheiro?! Aquele cheiro sincronizado com o som ambiente daquele lugar onde fazia parecer que estava numa feira de um filme de terror, onde iria acontecer alguma coisa brevemente. O falar das pessoas ao longe e daquelas que passavam ao perto, mas só se ouvia um eco das suas vozes, os anunciantes das lojas e das atracções da feira alternando com os sons electrónicos de décadas anteriores que vinha das barracas de entretenimento, com destaque para aquela onde tudo permanecia estático e à espera da nossa intervenção. Tão estático que todo aquele amontoado de objectos, incluindo bonecos imitando pessoas, estava coberto de pó, onde o tom pálido e o aspecto frágil, a voz baixa da senhora responsável por aquele espaço, como se estivesse a contar-nos um segredo ao ouvido, a dizer "please don't use the flash", fazia com que inicialmente ficássemos na dúvida se ela não era um dos figurantes daquele singular e triste espaço onde ela passava o dia, os seus dias, parte da sua vida.

Agora deixo aqui algumas das músicas que mais vezes passaram na rádio naqueles dias e que de certa forma acabaram por ser a banda sonora daquelas três semanas.

Timbaland - The Way I are


Plain White T's - Hey There Dalilah (não me querendo estar a repetir aqui no blog)


Rihanna - Umbrella


Offspring - Why Don't You Get a Job (música dedicada a uma certa pessoa)


Bryan Adams - Have you Ever Loved a woman

Comentários

  1. Só podia concordar contigo!

    Realmente há momentos que são marcados com músicas, e mesmo que sejam daquelas que nem sequer as ouvimos e gostamos, elas ficam ligadas a uns segundos da nossa vida.
    Tenho uma infinidade de músicas que ganharam outra importância só porque naqueles momentos mais difíceis elas estavam lá para me abraçarem, ou então, nos momentos mais esfusiantes, eram a adrenalina sonora que completava tudo o que vivia.

    Se pudesse ouvia música a toda a hora, mesmo correndo o risco de associar músicas que para mim fazem parte do baú das músicas favoritas a maus momentos. Infelizmente não é possível, mas de vez em quando do rouxinol canta e dá velocidade às asas...

    ResponderEliminar
  2. tô vendo, voltou bem, ótimos clipes!

    bjuh =*

    ResponderEliminar
  3. Olá!
    Obrigada pelo comment no meu blog...sim, a Rita é fantástica.
    Sabes que penso como tu em relação às músicas... ando viciada nos Plain White T´s...
    ainda por cima a letra diz-me tanto (com umas adaptações):
    " Hey There ****
    Whats is Like In Shangai?
    Well IM A THOUSAND MILES AWAY
    BUT boy TONIGHT YOU LOOK SO PRETTY
    Yes YOU DO..."

    BEijos

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

2024.3 - A passadeira

2024.1 - Solidão

17.6 - a never ending life