Feitos de Palavras
Somos feitos de palavras, construídos em frases e textos que nos definem e nos dão forma. Existimos porque as palavras existem e balançamos na existência ambígua de podermos ser tudo e ao mesmo tempo não sermos nada. Temos o infinito como destino porque as palavras assim o permitem.
Materializam-se vivências, histórias de vida, preocupações, desejos, ambições, sonhos e vivem-se vidas derivadas de vidas reais recheadas de dilemas, impregnadas da tinta do dia-a-dia e sente-se na pele a tristeza das situações menos agradáveis que fazem sofrer e que fazem pensar e como se ainda não fosse suficiente, ainda conseguem fazer nascer a vontade de transformar esse mundo expresso em palavras num outro mundo, também composto por palavras, mas palavras mais leves e mais fáceis de suportar.
Palavras que me permitem estar contigo e imaginar sentir para posteriormente sentir verdadeiramente que sinto as tuas alegrias, os teus sofrimentos e tristezas e pensar que estou presente nesses momentos e pensar que posso ser feito de algo que não sejam apenas palavras, mas palavras com alma que sabem o que é a saudade, a ausência e a solidão.
Sendo feitos de palavras, vivemos de e para as palavras, falamos com as palavras e ouvimos o que elas nos têm para dizer e, mesmo que as suas vozes não sejam audíveis, escutamo-las com atenção.
Palavras de mim para ti sobre ti e sobre mim, palavras de ti para mim sobre ti e sobre mim, monólogos mascarados de diálogos e vice-versa.
Sendo feitos de palavras, existimos enquanto existirem palavras.
Voltas ao valor das palavras, tal como no outro post! E, sim, elas são indispensáveis porque não apenas são expressão do pensamento como porque são catárcticas, existindo sempre um efeito mágico pelo que conseguem libertar... mesmo que sejam monólogos em capa de diálogos. Com elas podemos fazer sempre tudo... e têm um poder vastíssimo...
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