Almoço no jardim


Um jovem casal demonstra os seus afectos, um grupo de rapazes conversam entre os elementos do grupo como se fossem um gang a combinar qualquer coisa, num jogo de palavras e movimentos que parecem uma dança. Aqui e ali encontram-se aqueles que serenamente observam o tempo, as outras pessoas, os carros. Algures em frente a um dos bancos do jardim, alguém faz do chão, duro e frio, a sua cama durante algumas horas (quantas, não sei). Umas horas de evasão do que se passa no mundo acordado. É algo que desperta a atenção, mas já não a retém por muito tempo porque as pessoas já estão de certa forma imunes a essas situações e por isso, para além de um possível breve comentário verbal em caso de passarem acompanhadas, resta somente um olhar de soslaio, minimamente surpreendido. No mundo acordado, e mesmo assim parado para alguns, os outros continuam as suas vidas. Os seus beijos e abraços, as suas conversas, os seus olhares, a revelarem alguma reflexão, os passos que as conduzem de um local para o outro e até mesmo as pombas ou pombos, deambulam calmamente...umas parecem brincar, outras procuram alguma migalha de pão. O homem continua a dormir e tudo à sua volta pode ser o seu sonho, uma realidade aparentemente normal, uma hora de almoço como a dos outros dias. No entanto, para ele, possivelmente não existe horas de almoço e por isso, amigas pombas e pombos, é melhor irem procurar alimento para outro lado, para outro jardim, pois aqui ninguém almoça, somente aproveitam o tempo para um momento de descontracção.    

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