Earthquake
De um momento para o outro foi como se sentisse um tremor de terra, a morte da imobilidade, o chão parecia falhar e balançar debaixo dos meus pés como se estivesse tudo dentro de um baloiço gigante, e por mais que tentasse estar quieto, eu sabia que era tempo perdido. As paredes embalavam-se mutuamente e o tecto fazia companhia ao movimento do chão. Apesar de toda esta agitação, todo esse frenesim, eu ouvia somente o silêncio, o silêncio proveniente do poderoso som das palavras que se sobreponham umas às outras como se fossem ganhando velocidade e perdendo controle e ao mesmo tempo a ganharem dimensões cada vez maiores. Até que elas esgotaram-se e apercebi-me que afinal estava tudo imóvel à minha volta, e o terramoto, era apenas eu a tentar lidar com o impacto, um impacto que não é o de acidente rodoviário, é um impacto que não sei descrever. Agora que a tempestade vai passar e resta esperar que depois chegue a bonança [como costumam dizer] para voltar a arrumar as palavras que se espa...