Puzzle

A vida é um puzzle que se constrói e é uma busca constante pelas peças que continuam a faltar. Em determinadas alturas conseguimos encaixar uma, duas ou até três peças seguidas e com relativa facilidade, mas noutras alturas ficamos simplesmente desanimados e com vontade de deixar o puzzle de lado porque há peças que saem do seu lugar e outras que são difíceis de achar. O único problema é que não podemos abandonar o puzzle porque cada peça desse puzzle é uma parte de nós.
É muito triste saber que há pessoas que perdem o lugar onde montavam o seu puzzle e têm o azar de arrumar todas a peças que já tinham conseguido encontrar, dentro de um saco rasgado e velho, já sem cor e sem forma, deixando tudo ao sabor do acaso, em mãos alheias e à mercê da vontade dos outros.

Estas palavras vêm no seguimento de ter tido conhecimento [relativo, mas suficiente para me deixar a pensar e ficar triste com a situação] da história de um senhor idoso, com mais de 90 anos de idade, que por sinal tinha problemas de visão e audição, e que, não tendo para onde ir, acabou por construir um pequeno abrigo em blocos de betão [provavelmente com ajuda de alguém, agora de quem, não sei] que passaria a ser o local onde ele iria viver. O problema é que o abrigo foi construído numa propriedade que não era dele e acabaram por ter de o expulsar dali. Apenas tive acesso a fotos e deu para ver que as condições daquele lugar eram péssimas e é difícil imaginar como poderia aquele senhor viver ali, tendo em conta a sua idade e o seu estado de saúde.
Claro que são muitas as questões que vieram ao meu encontro e que ficaram sem resposta porque eu não tinha quem mas desse. Aquele senhor não teria família nenhuma?! Quem o ajudou a construir aquele abrigo não sabia que aquilo não teria as mínimas condições para uma pessoa daquela idade, e com problemas de saúde, viver com a mínima dignidade?! Não teria sido mais fácil terem procurado apoio junto de uma instituição?!...talvez o senhor fosse teimoso e tivesse recusado esse tipo de ajuda...enfim, são apenas hipóteses atiradas ao ar. Mas foi com tristeza, que observei cada uma daquelas fotos onde se podia observar a destruição daquele pequeno abrigo, e com proporcional decepção que me dei conta que existe um limite muito frágil entre aquilo que somos, aquilo que nos pertence e aquilo que nos pode acontecer e que nem sempre está ao nosso alcance evitar... podendo mesmo umas chamas serem os últimos sinais da nossa presença, da nossa existência, para logo de seguida o vento terminar a tarefa!

A última informação que tive dessa história foi que o senhor ao ser obrigado a abandonar a propriedade, e com o apoio das autoridades, foi encaminhado para uma instituição.... menos mal!!

Comentários

  1. Sabes que eu sinto que somos todos peças dum puzzle e no entanto sinto-me com uma puzzle que à partida não terá todas as peças. E mais não digo porque sei que não preciso...

    *Hugs n' smiles*
    carlos

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  2. É muito triste quando construimos algo e no fim todo o esforço foi em vão.
    Mais ainda quando não depende de nós preservar o que foi construido.

    Abraço

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