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A mostrar mensagens de outubro, 2007

Dias Cheios de Nada

Os dias cheios de nada são dias em que por mais coisas que façamos, acabamos sempre por preencher o tempo com pensamentos de tarefas incompletas, um pouco como a história do copo meio cheio meio vazio. Se por um lado podíamos ficar satisfeitos por já ter metade do copo cheio, por outro lado ficaríamos frustrados devido ao facto de o copo ainda estar meio vazio. É o choque entre o estar ocupado com muito e em simultâneo chegar à conclusão de que nada ocupou o tempo que não foi marcado com nada, uma colisão que pode causar estragos. É necessário olhar com atenção e saber fintar os pensamentos desse género porque podem ser como uma gota de tinta da china quando cai em cima de uma folha de papel. Mesmo sendo dias manchados, são como dias que não existiram. Isso por aqui tem estado um pouco deserto, se faz frio ou faz calor isso não sei porque está tudo na mesma, nada muda, não há ninguém para dizer como estão as coisas e se não há ninguém é exactamente por não haver nada, um lugar ermo. ...

To Build a Home

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Chego e paro. O olhar sustem-se sobre o portão de ferro, já velho e marcado pelas vidas que para lá da sua fronteira se resguardaram, o andar na sua direcção, que podia ser um andar sobre andas na expectativa de avistar o que está para lá do muro de pedras cuidadosamente encaixadas e que fazem companhia ao portão. Chegar a ele e com um simples gesto destrancá-lo e empurra-lo apreensivamente quebrando ligeiramente o silêncio das folhas a tocarem no chão. Avançar na direcção da avenida de árvores que definem a rua na direcção da imensidão do amplo e vazio e onde lá no final da sombra da árvores encontro um papel com algo escrito por alguém, como se de uma sugestão se trata-se. Sento-me e olho para o papel e vivo o momento de fechar os olhos, olhar ao meu redor e sentir as mudanças como se estivessemos a falar de estações que vão e vêm sem mais nem menos ou com etapas predefinidas que mesmo assim nos apanham desprevenidos no decorrer do dia, do decorrer dos passos. There is a house built ...

Sem muitas palavras

Hoje deixo aqui dois " videoclips ", embora sem muitas palavras a acrescentar porque há fases que elas simplesmente ficam escondidas à espera da altura certa de se mostrarem. Penso que as minhas estão escondidas, as poucas que existem, mas também quem sabe se somos nós que as fazemos ficarem escondidas e com receio de aparecerem?! Quanto ao primeiro "vidoeclip", "Dream on Girl" de Rita Redshoes, deixo-o aqui por ter sido engraçado a forma como cheguei a ele, ou à música a que ele dá vida e também porque gosto da música. Estava eu a ouvir a Antena 3 quando ouvi a música e então decidi ir à " net " tentar descobrir quem a cantava, e o primeiro resultado em que cliquei no motor de busca levou-me até um blog que para minha surpresa descrevia exactamente o mesmo trajecto que alguém tinha feito para encontrar a música e que eu agora também estava fazendo. Coincidências... penso que pode-se chamar assim. A segunda música, "She doesn't live here...

Only Time

O bater do coração ou o bater da melodia que marca o ritmo da vida como um sino que toca logo pela manhã, lembra-nos que ainda aqui estamos para viver e lembrar aqueles que outrora brincaram connosco, nos abraçaram, nos beijaram, nos ensinaram a viver, nos ensinaram a ser quem somos. Aqueles que por vezes não sabemos como definir, mas que o cair de uma lágrima seria o suficiente para nos mostrar toda a sua fulgência. Não quero usar este texto para tocar nas feridas de ninguém, antes pelo contrário, pois o mínimo que há a fazer é mostrar o nosso respeito e a nossa compaixão e oferecer um abraço amarrado pelo sentimento de união e amizade perante a vida, o olhar para uma gota de água em frente a um raio de sol. Sabemos que o relógio não volta para trás e temos de seguir em frente, o que não quer dizer que atiremos um balde de tinta branca para o que está atrás de nós! Não! Há que usar as cores que a vida já nos deu juntamente com a sabedoria transmitida e continuar a pintar a nossa porta...

"You're Beautiful"

Na certeza ou no acreditar dessa certeza, que existe sem se ver, encontro o trampolim que me impulsa para o topo da linha recta que me faz avançar na direcção da meta que serpenteia lá ao fundo com o ardor do sol. Vejo-a, mas sei que não está totalmente definida e por isso o sentimento é de precaução, alguma hesitação e ao mesmo tempo ansiedade. Ansiedade de chegar longe e atirar todo o corpo como se lá estivesse à minha espera um rectângulo de areia antecedido por uma linha branca para dar um salto ou talvez uma prancha no topo de uma queda de água onde pudesse incutir toda a minha força para logo de seguida sentir a liberdade de um voo de braços bem abertos a abraçar tudo o que estaria à minha frente, um abraço que se completava ao agarrar as águas invadidas pelo meu mergulho envolto no mais melodioso silêncio do fundo de oceano ou de um rio. Voltando ao mundo real e abrindo a porta da rotina, faço o meu trajecto dos dias de semana. Hoje vi um gesto que me fez lembrar a música que já...

Fool's Work

Todos nós sabemos, ou pelo menos deviamos saber; e digo isso porque talvez seja melhor deixar alguma margem de manobra para se pensar duas vezes quando queremos dar uma certeza acerca de qualquer coisa; que a vida nem sempre é fácil e até talvez o prato da balança rotulado de "momentos dificeis" seja aquele que está sempre mais próximo do chão, como um tronco de uma árvore, que já deu o seu contributo, já sem agasalho e a espreitar os grãos de terra intercalado com migalhas de relva como se uma lupa fosse usada para tal. São alturas de desmoronamento em que parece que se acendeu a ponta do rastilho e a chama inicia a sua corrida e vai dançando o mais depressa que pode até encontrar a sua meta, deixando tudo ao cuidado dos alicerces que nos suportam e que nessas alturas se tornam frágeis e em risco de ruir. Agora é o bombear de pensamentos e emoções que surgem num ritmo frenético como o de uma fábrica onde não há sossego e onde as máquinas marcam o ritmo. Será que conseguimos ...

Sentado na Rocha

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O sentimento que me faz saltar e correr ao longo de todo esse labirinto comandado pelo tempo onde não encontro a saída. A saída infligida e que me faz retinir como uma pedra de cristal desfeita em gotas de água que são muito mais do que um cubo de gelo e que mesmo assim não arrefecem esse fervor que ferve sem fervilhar. Se pudesse sentava-me na minha rocha dia e noite, fizesse sol, fizesse chuva, e retirava os ponteiro do relógio e ponha-os a descansar algures no infinito do oceano para poder ter tempo para pensar e tornar a pensar até encontrar uma solução, uma saída. Agora que o relógio estava desarmado seria mais fácil! Durante o eclipse das horas, as memórias que abanam os atalhos do labirinto surgiriam como "flashes" das máquinas fotográficas dos "paparazzis", chegando a impedir os meus braços e as minhas mãos de desviarem a densa ramagem que se me imponha, que me encandeava o caminho deixando-me à deriva e sem conseguir avançar. Por mais que custe, por mais ab...

Perto da Água

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É mais um dia que nasce ou mais um dia que morre, mas nesse momento isso também nem deve ser importante porque o que conta mesmo é o conjunto de riscos que esboçam uma acção definida entre os contornos do mar e das pessoas. Um contraste entre a solidão temporária ou definitiva e a companhia daqueles que estão lá e que de repente não estão, e que estão e num instante não estão, e que estão mas nunca estiveram, e que nunca estiveram e nunca vão estar. Um dia somos nós a estar ali sentados a sentir a água fria chegar até nós, à espera que venha alguém sentar-se ao nosso lado para juntos olharmos para o mar, para as estrelas e para a lua ou para a infinidade de formas desenhadas pelas nuvens; noutro dia será a nossa vez de ir até à beira da água e oferecer a nossa companhia a alguém que se esteja a sentir mais só. Se não vier ninguém pode-se ou deve-se aprender a observar o mundo na nossa própria companhia. Quem sabe se não é isso que aprendemos a fazer primeiro. Se nos sentirmos cansados...

Momentos

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Um olhar, não uma palavra por dizer, mas uma frase que saiu pela clarabóia e voou em direcção ao seu destino, procurou a voz que a chamava [ou talvez não porque nem sempre é preciso ouvir esse grito] e aí se instalou e adormeceu. Terá sonhado?! Terá tido pesadelos?! Acordou? Respondeu? Aos poucos vem a noite, acompanhada de pequenos batimentos, de passos que deixam as suas marcas, marcas de ritmos de vida, nascem conversas, são convívios no viver da outra face da moeda, fora das amarras da obrigação. Os ponteiros deslizam desenfreadamente e o sol avisa que está a chegar aos poucos. A moeda vira-se e saem à rua os "prisioneiros"...Um dia de semana. Horas de um dia de semana. Há momentos que ficam gravados na nossa memória pelo seu significado, pela sua força e pela sua razão de terem existido. Mesmo sabendo que não são apenas os bons momentos que ficam guardados, continuamos a dar uso ao nosso calendário, seguro com fita cola, para voltar atrás e passar algum tempo caminhando ...