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2025.3 - É Cansativo

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É cansativo muita coisa nesta vida.... É cansativo tentar ser quem ajuda, sobretudo quando parece que a coragem para ajudar nem sempre está lá, porque a capacidade de estender a mão nem sempre atinge a mesma distância da capacidade de agir ou reagir. A cobardia e comodismo muitas vezes leva a melhor. Assim, é cansativo por vezes querer ajudar e não o fazer, sobrecarregando o pensamento de "ses"... É cansativo querer tentar ser melhor e não conseguir... É cansativo procurar a amizade onde ela afinal parece não existir... É cansativo tentar lutar por aquilo que não é possível alcançar... É cansativo viver nesta ilusão onde certas situações parecem ser pacíficas de conciliar, quando na realidade não se coadunam, fazendo com que se reviva a desilusão uma e outra vez, como se de um ciclo vicioso se tratasse... É cansativo querer não estar só e, no entanto, sentir na pele o ardume do vazio, da solidão... É cansativo pensar em quem nos rodeia e ainda assim parecer que não existe nin...

2025.2 - A Escrava Açoriana - Pedro Almeida Maia

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  A Escrava Açoriana - de Pedro Almeida Maia a sinopse do livro é a seguinte: “ No ano da Graça de 1873, o mundo pertence aos homens que cospem para o chão. Açorada por partir, Rosário oculta-se num enorme capote e capucho negro, tal como a maioria das mulheres. É uma adolescente irreverente, do contra, e desafia todas as convenções masculinas: rouba, corre descalça, luta com os punhos e até beija em público. No final do dia, lê Camilo e reza o terço com a mãe. As Ilhas Adjacentes são um misto de encanto e de escassez, afastadas do Reino e das promessas da Coroa. Os engajadores brasileiros aliciam os açorianos a viajar para o Império, com promessas de riqueza. A família de Rosário entrega tudo o que possui e embarca na escuridão. Mas a viagem no navio é calamitosa, uma nuvem de pessoas atoladas na própria imundície, e a chegada ao Rio de Janeiro oferece desafios inesperados. Rosário vive como uma escrava e vê o futuro esfumar-se. Perde o rumo, a virgindade e a esperança. Precisa de...

2025.1 - A morte de Ivan Ilitch de Lev Tolstoi

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  A imagem supra é " O convalescente, ou o homem ferido", detalhe cortado pelo artista,  Charles Auguste Émile Durand (Carolus-Duran),  de "A visita ao convalescente", c.1860 "  A morte de Ivan Ilitch, de Lev Tolstoi (1886) Sinopse: «Este livro tão breve, uma das maiores obras-primas do espírito humano, tem sido, desde a sua publicação, um motivo de controvérsia para a crítica: trata-se de uma obra sobre a morte ou de uma obra que nega a morte?» António Lobo Antunes É de facto um livro relativamente breve, isso no que respeita ao seu número de páginas. No entanto, já li outros tantos que, com o triplo de páginas, disseram-me muito menos do que este disse. Em relação ao termo “controvérsia” utilizado na sinopse, talvez o mesmo não se justifique assim tanto, já que uma obra sobre a morte pode ser, precisamente, uma obra que nega a morte. E é isso mesmo que este livro acaba por ser. Uma espécie de ensaio sobre a morte e algumas das coisas que podem estar relaciona...

2024.6 - Algo não está bem quando....

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Algo não está bem quando... Tu sentes, mas bloqueias esse sentimento, porque achas que não é o momento certo de sentir. E apercebes-te que o momento nunca chega a ter a sua oportunidade de viver e de se ramificar; Recebes a notícia de que, alguém que era suposto ser alguém próximo de ti, partiu, e vacilas sem saber o que sentir. Tentas procurar memórias que tragam algum vestígio de uma ligação com aquela pessoa, e concluis que, não tens sucesso, sentes que chegas à conclusão que, no fim de contas, era como se aquela pessoa fosse, afinal, um estranho qualquer, quando na realidade não o devia ser, quando no fundo, não era assim que devia ser; Precisas de um amigo, e por mais pessoas com quem possas criar algum tipo de ligação, não encontras nenhuma delas disponível para te ouvir; Te manténs em silêncio quando na realidade existe uma barulho ensurdecedor que não te permite mexer e te deixa preso na tentativa de encontrar um raciocínio lógico, uma explicação, uma solução; Sem mais nem meno...

2024.5 - Dispersão

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  Quanto mais penso menos consigo concluir. Um desencadeamento de pensamentos que me deixa à deriva entre o querer falar, querer dizer, e nada saber, nada dizer. Fico a tentar apanhar os fragmentos de pensamentos que entretanto ficaram dispersos e tento reordená-los. Mas qual é a ordem correta? Desconheço. Procuro-te algures na dispersão, mas nunca te encontro. Como se quisesse fazer de ti ouvidos. Como se quisesse fazer de ti um amigo. Mas não estás. Não sei porquê, mas não estás. Será que algum dia voltarás a estar? talvez não, porque se calhar nunca estiveste. Se estivesse capaz de conseguir chegar a conclusões, poderia concluir que, por vezes, quantas mais pessoas parece que temos ao nosso alcance, mais sozinhos estamos. Como se a presença ou disponibilidade das mesmas fosse algo perene. Tão frágil que nem sabemos se era realidade ou imaginação.  

2024.4 - A biblioteca da meia noite de Matt Haig

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  “A biblioteca da meia-noite” de Matt Haig Apesar de ser um livro que aborda alguns temas sérios e “pesados”, como é o caso da depressão e do suicídio, trata-se de um livro de leitura “fácil”, e de certa forma “leve”. Não querendo desvendar muito do que se passa no livro (para aqueles que tiverem curiosidade de o ler) posso alinhar as próximas palavras com aquilo que consta na sinopse do livro. Assim, acompanhamos a história (ou parte dela) de Nora Seeds, que, já passando a meia idade, dá por si insatisfeita com a vida que tem, que se traduz de certa forma num quadro clínico de depressão, em que considera que a sua vida acabou por ser uma série de fracassos pessoais, familiares e profissionais. Todas as suas aspirações parecem ter sido minadas com situações ou escolhas que resultaram num presente que, aos olhos dela, não parece ter nada que lhe faça querer agarrar-se à vida, nenhum objectivo ou razão pela qual vale a pena lutar para continuar nesse mundo (no mundo dela nesse caso)...

2024.3 - A passadeira

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Estávamos em Maio, num dia solarengo. O cenário era uma rua, cenário de cidade, pessoas a passar, carros a transitar.  Foram colocadas as personagens em cena. Nesse momento a acção concentra-se em apenas duas delas, como se o resto, à volta, ficasse escuro ou nublado. Essas duas personagens avançam ao longo da rua, em direcções opostas, cada uma delas imersa nas suas ideias e a seguir o seu destino.  Já lemos alguns capítulos desta história. Temos conhecimento que aquelas personagens já se conhecem, já se cruzaram, e que, por esse motivo, a cena que se desenrola indicia que iremos presenciar o seu reencontro. Portanto, do nosso ponto de vista, tudo desenrola-se de forma normal. No entanto, à medida que a distância entre as personagens encurtece, ao ponto de possivelmente se verem uma à outra, eis que uma delas tem uma reação inesperada, um movimento que surge por instinto, quase é quase como fecharmos os olhos quando algo se aproxima das nossas pestanas. Uma das personagem rec...