2021.5 - Sputnik meu amor - Haruki Murakami

 


"Minha Querida Sputnik" ou "Sputnik meu amor" é um livro de Haruki Murakami.

Ao ler esse livro fiquei com a impressão que este podia ser um dos primeiros livros de Murakami. Mas por acaso não é! Assim sendo, é um talvez um livro adequado para quem quiser se aventurar nas obras desse autor, pois temos aqui algumas características base das suas obras, como por exemplo, a música clássica, as personagens que, mesmo em situações relativamente insólitas, ainda têm tempo de estar na cozinha a preparar algumas refeições solitárias (descritas quase a modos de nós próprios as aprendermos a preparar), a referência ao mundo dos sonhos, viagens em busca de algo, etc. Atenção que não estou a enumera-las em tom de crítica, já que é um autor cujos livros gosto bastante, mesmo com toda a maluquice ou surrealismo que os livros possam conter (e que são a razão de muitos leitores gostarem dos mesmos).

Devido à sua relativa simplicidade e talvez por conseguinte falta de elementos que tornem a coisas ainda mais interessantes, fica registado como um livro ligeiramente mais "básico" no universo de Murakami.

O livro fala sobre a amizade, amores aparentemente impossíveis, a perda de oportunidades e a constatação de que por vezes só se dá o devido valor às coisas depois de as perdermos.

Seguem-se alguns excertos sem spoilers [creio eu]...
(Estão em português brasileiro...)

"Acho difícil falar sobre mim próprio. Tropeço sempre no eterno paradoxo quem sou eu? Claro, ninguém conhece tantos dados sobre mim quanto eu. Mas quando falo de mim mesmo, todo o tipo de outros factores - valores, padrões, minhas próprias limitações como observador - faz, a mim, o narrador, selecionar e eliminar coisas sobre mim, o narrado. Sempre me perturbou o pensamento de que não estou pintando um quadro muito objectivo de mim mesmo. "
..." Gente que se diz Franca e aberta, sem se dar conta do que está fazendo, usa descuidadamente alguma desculpa oportunista para conseguir o que quer. É aqueles "bons em sentirem os verdadeiros sentimentos dos outros" são enganados pela bajulação mais transparente. É bastante para me fazer perguntar: O quanto realmente nos conhecemos? "

" Uma pergunta.
O que as pessoas devem fazer se quiserem evitar uma colisão (...) , mas continuar no campo, desfrutando sãs nuvens que passam, escutando a relva crescer - em outras palavras, não pensando? Parece difícil? Em absoluto. Logicamente, é fácil. C'est simple. A resposta é sonhos. Sonhar sem parar. Entrar no mundo dos sonhos é nunca mais sair.
...
Noa sonhos, não precisamos fazer distinções entre as coisas. Em absoluto. As fronteiras não existem. Por isso quase nunca há colisões em sonhos. Mesmo quando há, não machucam. A realidade é diferente. A realidade morde. "

"Cada um de nós tem um quê especial que sonpodemos usufruir em um momento especial da nossa vida. Como uma pequena chama. Alguns poucos afortunados cuidam dessa chama, alimentam-na, segurando-a como uma tocha para iluminar seu caminho. Mas, u. A vez apagada, nunca mais se acende."

" Porque é que a pessoas têm de ser tão sós? Qual é o sentido disso tudo? Milhões de pessoas neste mundo, todas ansiando, esperando que outros as satisfaçam, e contudo se isolando. Por quê? A terra foi posta aqui só para alimentar a solidão humana? "
...
"Fechei os olhos e prestei bastante atenção aos descendentes de Sputnik, mesmo agora circulando ao redor da Terra, a gravidade seu único elo com o planeta. Almas solitárias de metal, na escuridão desobtruida do espaço, encontravam - se, passavam umas pelas outras e se separavam, nunca mais se encontrando. Nenhuma palavra entre elas, nenhuma promessa a cumprir. "

"De modo que é assim que vivemos as nossas vidas. Não importa quão purina é fatal seja a perda, o quão importante fosse o que nos roubaram - que foi arrebatado de nossas mãos -, mesmo que mudemos completamente, com somente a camada de pele externa igual à de antes, continuamos a representar as nossas vidas dessa maneira, em silêncio. Aproximam-nos cada vez mais do fim do tempo que nos foi estipulado,(....) Repetindo, quase sempre habilmente, as proezas sem fim do dia a dia. Deixando para trás uma sensação de vazio imensurável. "

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