Into dust....

Olho para a aquilo que se pode designar como tua representação digital e o que vejo é alguém que pareço desconhecer. Faço um esforço para ligar quem vejo à pessoa que outrora pensara conhecer, à pessoa que tenho gravada na minha memória. Devo dizer que esta tentativa de ligação não é uma tarefa fácil, já que a associação entre o antes e o presente sofre das lacunas causadas pelo passar do tempo, pela distância da terra e água que nos separa e pela ausência de convivência. Há quem consiga ultrapassar esses obstáculos recorrendo à tecnologia, pois para quem consegue tirar proveito da mesma, consegue manter os seus laços em saudável estado de saúde. Todavia, e como as pessoas por vezes têm a tendência de se fechar em conchas ou bolhas de ar invisíveis, essa ausência já se começa a sentir mesmo quando as pessoas ainda estão presentes fisicamente no mesmo espaço. A partir do momento em que o diálogo e a confiança se torna restrita, inicia-se o aparecimento de uma espécie de abismo o seu consequente crescimento. Construir uma nova ponte que seja capaz de unir esses dois pontos, então separados pelo abismo, poderá não ser tarefa fácil. A amizade, quer esta seja entre amigos ou entre irmãos, é algo que infelizmente pode enfraquecer pelos mais diversos motivos e se há coisas tristes, uma delas é recordar com nostalgia aquelas pessoas que se afastam de nós, quer no tempo, quer no espaço.

"I could feel my eyes turning into dust
And two strangers turning into dust
Turning into dust"



Comentários

  1. Lembro-me da há uns anos escrever ao som dessa música, agora apenas a ouço e não escrevo e por mais que queria construir pontes, acabo por criar muralhas, afasto-me e mais afastado fico dos outros. Depois não me posso queixar, daí que será o silêncio a falar por mim.

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    1. É verdade que não nos podemos queixar, pois é possível que os outros pensem o mesmo de nós, que afinal nós é que deixamos de dar notícias e nos esquecemos em vez de sermos os que foram esquecidos.

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