Mergulho no ar

Vou a correr com a minha velocidade máxima e através do impulso que consigo dar ao meu corpo, lanço-me no ar e mergulho. Abro os meus braços e rasgo o vento que tenta deter-me sem sucesso. Sinto o tempo a passar por mim como uma flecha que sai de um arco, abro as mãos para o agarrar, mas ele é tão invisível quanto o vento e intocável como a linha do horizonte. É um sentir sem ter tempo para sentir, é sentir as coisas a alta velocidade, é estar a chegar a algum lado depressa mesmo sem saber ao certo o que lá está, lá em cima ou lá em baixo, qualquer que seja a direcção do meu voo.

Contínuo na minha viagem vertiginosa... Ultimamente ela tem se tornado mais intensa e têm sido tantas as pequenas coisas que, nem mesmo sendo pequenas, deixam-me a pensar, deixam-me a pensar no antes e depois, e deixam-me a pensar porque esses antes e depois não são antes e depois como a diferença que um corte de cabelo pode fazer. São antes e depois como uma laranja com casca e essa mesma laranja já sem casca... não vai deixar de ser laranja, mas será diferente. É uma viagem cujo resultado será algo novo, será um novo aprender a andar, aprender a andar nos caminhos da vida [diferentes dos que já conheço ou julgo conhecer], uma adaptação a um estilo de vida diferente, novas rotinas, novas perspectivas, novas situações, novas responsabilidades, um novo eu que não será diferente, será apenas eu, mas com outra experiência de vida.


Mas como todos nós sabemos, ao longo das nossas vidas encontramos inúmeros desafios que tentamos sempre superar e é na superação desses desafios que nos sentimos crescer, que sentimos estar a caminhar em alguma direcção e a chegar a algum lado, qualquer que seja a ideia que temos do que está no nosso destino.

Comentários

  1. E das palavras... fizeram-se imagens.
    Sabes (creio que isto deve acontecer com todas as pessoas que cultivam o gosto pela leitura), quando gosto realmente de um texto, um livro, o que for, na minha cabeça vão~se formando imagens. A princípio algo desfocadas, depois vão-se tornando cada vez mais nitídas, até se confundirem com a realidade. O início do teu texto, o teu "mergulho", conseguiu fazer-me sair da minha realidade.
    Bons "mergulhos". De pés ou de cabeça, tanto faz, desde que não haja o medo de te atirares ao mar.
    E cada palavra tua não é em vão, acredita. O mais importante é que gostes de escrever. O resto é paisagem.
    Desculpa a invasão mas, quando começo a escrever, perco-me nas palavras.
    Raios, e o cigarro ardeu sozinho no cinzeiro... humpf...

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  2. Sabes que há mergulhas que fazem todo o sentido, fazem parte do nosso crescimentos e nem todos os mergulhos implicam água salgada nem doce, podem querer dizer mil e uma coisas mas no final de contas a casca do mergulhar no ar é mais que uma simples casca, é a força de nos levar aonde queremos.

    Abraço,
    Carlos

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  3. Não tens nada para agradecer...
    Continua a escrever que, da minha parte, continuarei a ler-te. Com todo o gosto :)

    Beijo

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  4. Tens uma encomenda para ti no meu blogue. É só levantares... :)

    Beijinho

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  5. tenho tido certo medo de mergulhar. passear por esses espaços as vezes dá coragem, dá uma loucura necessária, essencial pra tentar as coisas, partir pra coisas novas. conhecer...

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