Silêncio envenenado

Estou aqui a escrever, mas é como se não encontrasse as teclas do meu teclado e sem saber para onde elas foram, apenas sei que levaram as palavras consigo. Talvez estivessem cansadas de estar fechadas entre quatro ou mais paredes e tivessem decidido aproveitar a boleia do vento que de vez em quando dá uma ar da sua graça no lado de fora da janela. Mas espero que voltem...

Nem sempre são apenas as palavras que fogem da frente dos dedos porque por vezes parece que também fogem as que estão dentro de nós. Quando não fogem, ficam presas num labirinto sem saída, sendo isso o equivalente a não conseguir pegar nessas mesmas palavras e encaminhá-las para alguém. Ficam apenas às voltas e em cada tentativa de encontrar a saída desse labirinto destroem qualquer rasto de silêncio que possam encontrar, deixando o sossego preso por pontas soltas prestes a rebentarem e a caírem no chão libertando ecos de inquietude.

As palavras fazem parte de nós, e nós por natureza somos seres complicados, logo, é provável que se pense que é difícil lidar com palavras, mas uma coisa é certa, muitas vezes é mais difícil de lidar com a ausência dessas, sobretudo quando parece que as palavras se esgotaram de um momento para o outro, como se na boca houvesse um contador de palavras e tivéssemos atingido o limite diário de palavras a serem ditas... é o mesmo que lidar com um silêncio envenenado cujo antídoto nem sempre está ao nosso alance.

Comentários

  1. Belíssimo texto. Gostei da mensagem, e porque as palavras são dúbias quando há muito para se escrever e pouca organizam para tal, eu digo-te uma coisa que vais entender num ápice. Neste preciso momento o que me faria bem era um respiradouro, não precisaria da companhia de ninguém...

    *Hugs n' smiles*
    Carlos

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