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Olhamos para o céu depois da hora de trabalho do sol ter terminado, portanto, no turno da lua, e é possível que tenhamos a percepção de que estamos perante um mundo de estrelas estendidas num manto escuro. Algumas delas a brilharem, outras nem por isso, parecendo que estão lá só por estar, porque ali é o lugar delas e dali não podem sair até ao dia em que não terão calor suficiente para dar luz, para viverem. Até ao dia que não serão nada e descerão num gota de chuva ao encontro de uma braço com o chão ou com a água. É um pouco como olharmos para nós em certos dias! Em dias que não somos mais do que um grão de areia numa praia, onde alguns grãos têm a sorte, ou talvez o azar, de ficar expostos ao sol enquanto outros são contemplados pela águas infinitas que vão e vêm constantemente.
Quem sabe se esses têm a oportunidade de viajarem para outros locais quando são levados na dormência do oceano, dizendo adeus aqui a acolá através do resplandecer diurno. Serão estes as "ovelhas negras", do enorme rebanho que que se limita a seguir as indicações do seu guardador ou do cachorro fiel, que desafiaram as leis, as regras, que deram um passo para o lado enquanto a corrente seguia em frente no seu trilho como as águas de um rio que corre, corre e corre sem parar na sua única direcção possível.
Quanto menos esperava, deixei cair uma pedra no meio da água do rio, criando um pequeno espaço vazio obrigando a água a ter de optar pela direita ou pela esquerda. Fui responsável por uma paragem, embora involuntária, porque foi das minhas mãos que caiu a pedra. Se não tivesse pegado na pedra para as mãos ela não teria caído! Poderá ser uma insignificância tendo em conta as dimensões e a força da fluidez do rio, mas é a mesma insignificância que um dia poderia fazer a diferença, podia ser o único espaço que restava para a água seguir em frente em vez de embater contra um muro de pedras, deixadas cair, com toda a sua energia e ficar sem destino, ficar ali parada e a evaporar-se para talvez mais tarde ter outra oportunidade.
Eu sou a ovelha negra do meu rebanho e não quero que me pintem a lã de branco...e sou um grão de areia no deserto de alguém mas no tal rio que falas a pedra a ser atirada para lá poderia ser eu num dia de tempestades num copo de água...o tempo é de seca portanto não corro esse risco :-)
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