2021.2 - se um dia precisar de um abraço teu

Eu tinha mais ou menos uma ideia de que esse dia eventualmente acabaria por chegar e talvez até seja errado dizer "esse dia" porque na verdade tratou-se de algo gradual, e não de algo que aconteceu da noite para o dia. Talvez assim tenha sido mais fácil, pois, tal como num cenário de uma maleita, o facto dos sintomas serem sentidos de forma gradual, com variações de intensidade e em momentos ou circunstâncias diferentes, torna-os de certa forma mais suportáveis. 

Este espaço, era sem dúvida uma forma de comunicarmos e embora muitas das palavras não fossem expressas de forma directa, ou despidas de uma certa dose de abstração, eram muitas vezes a ti que se destinavam, pois de uma maneira ou de outra, este era um espaço onde partilhávamos a amizade, onde partilhávamos pensamentos, onde partilhávamos palavras que, mesmo não sendo necessariamente dirigidas a cada um de nós, estavam relacionadas com contextos que nos englobavam.

Não estar aqui presente (pois infelizmente (e correndo o risco de me repetir novamente) este espaço está um pouco deixado ao abandono),  e também saber da tua ausência por estes meandros, é constatar que perdi um amigo, ou parte desse amigo, é constatar que a solidão ganhou mais uma camada. 

E com tantas coisas para nos sentirmos tristes nos dias que correm, nesse momento surgiu-me essa tristeza. E creio que é legítimo senti-la, já que, e conforme alguém dizia num podcast que ouvi recentemente, o facto de sentirmos um vazio, sentirmos uma tristeza, é sinal que o "coração" está em funcionamento. Quero acreditar que apesar desta ausência, apesar desse silêncio, se um dia eu precisar da tua ajuda, ela estará disponível, e que a ausência que hoje sinto é de certa forma uma "normalidade" resultante da falta de interação onde não há culpados. Quero acreditar que, se um dia precisar de um abraço teu, irás abrir os teus braços.

A probabilidade de tropeçares nestas palavras são poucas, mas ainda assim, se o fizeres, não caias e diz-me que as leste. Em várias ocasiões aproveitei para te agradecer a partilha ao longo destes anos, a amizade (mesmo sabendo que a amizade por norma não se deve agradecer, mas sim reconhecer) e, à semelhança de outras palavras ao longo deste blog, estas são também uma forma de te fazer saber que .....

Deixo aqui uma música cuja sonoridade, leva-me automaticamente numa viagem no tempo e é como se eu estivesse numa das margens do rio e para o atravessar tivesse de saltar de pedra em pedra, sendo que essas pedras poderiam ser as várias músicas que têm esse mesmo efeito.



 

 

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