2020.3 - E se fosse tudo mentira?!


Já vos aconteceu lembrar de algumas amizades do tempo da escola e no seguimento desse pensamento tentar procurar um desses amigos num dos meios que temos ao nosso dispor, e que hoje em dia surge em primeira instância (pois antes nem tínhamos essa possibilidade), mais conhecido como redes sociais?!
Pois a mim já me aconteceu algumas vezes, embora sem grande insistência/persistência no assunto. De tempos a tempos lembro-me desse casal amigo, que eram primos um do outro, e questiono o que farão hoje em dia. O que é feito dela, o que é feito dele. Será que já nos cruzamos sem dar por isso? Para onde os levou o destino?!  Que caminhos seguiram?!
Assim, de tempos a tempos, procuro os seus nomes para ver se os encontro. Infelizmente sem sucesso... Suponho que devam ser das pessoas que não se interessam por redes sociais ou por partilhar a sua vida publicamente. E entendo que essa seja suas escolhas.

Entretanto as redes sociais, que nos querem ligar a todos, mostram-nos pessoas que possamos conhecer, mostram os amigos de nossos amigos, os familiares de nossos amigos e, eis que um dia vejo a foto de um uma pessoa que é primo de um amigo, e esse amigo era também meu conhecido da escola e por acaso tambem primo do tal casal de primos que eu mencionava acima. Esse amigo (primo do tal casal de primos) nunca me disse grande coisa acerca dos seus outros dois primos e o que faziam hoje em dia... Pois da única vez que mencionei o assunto, a resposta foi vaga e tendo isso em conta não insisti no assunto. Assim, sem grandes expectativas, decidi perguntar a esse primo dele cuja foto surgia nas suas amizades familiares de uma rede social (foto que mostrava algumas semelhanças com o amigo dos tempos de escola que já havia procurado antes).
Decidi perguntar porque afinal de contas era uma possibilidade de saber o paradeiro deles e talvez poder "conectar-me" a eles e dizer, pelo menos, um olá, pois tenho a noção que por vezes as pessoas seguem seus caminhos e os amigos ou conhecidos dos tempos de escola acabam por não ter grande importância nas suas vidas e por isso talvez o meu contacto fosse indiferente.
Enviei então uma mensagem à pessoa do perfil, cuja foto se assemelhava ao meu amigo de escola, e perguntei se por acaso ela era familiar do rapaz e da rapariga, (o casal de primos). A pessoal gentilmente respondeu à minha pergunta, mas infelizmente a resposta não era de todo a que eu esperava que fosse, embora em tempos já me tivesse ocorrido que aquela era uma possível resposta.
Assim, foi com grande tristeza que fiquei a saber que o tal amigo da escola já tinha falecido e que era irmão da pessoa da foto que respondeu à minha pergunta. A rapariga, a prima, está bem e segue a sua vida, embora longe e sem dar grandes notícias à família que não faça parte do seu núcleo familiar (pais e irmãos).
Saber de tal notícia, do falecimento, foi como o encerrar de um capítulo, pois, com tristeza, chego à conclusão que não vale a pena procurar mais, e com uma angústia resultante desse pensamento lamento a partida prematura de uma pessoa que gostaria de ter tido oportunidade de conversas novamente ao longo desta vida. É como um murro no estômago sem contarmos com isso é ter de dar de caras com o provérbio de não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. Deixam-nos envolver pela rotina, pela agitação do dia a dia pensando que teremos sempre tempo e eis que surgem essas situações que nos fazem repensar. Nós fazem sentir na pele o arrependimento, a frustração.
Para piorar as coisas, pelo pouco que me foi dito (não quis fazer mais perguntas por achar que podia estar a invadir a privacidade da pessoa que me respondeu e também por achar que podia ser um assunto delicado para falar com um desconhecido), o tal amigo sofria de problemas de depressão é acabou por cometer suicídio :-/ :-/ :-/.

Possivelmente não saberei mais nada e se havia perguntas a fazer, essas ficarão sem resposta.

É, como se a vida pudesse ser o enredo de um livro ou de um filme, surge-me o pensamento ou pergunta mirabolante, quase sem sentido, que é: e se essa história do falecimento, ainda por cima devido a suicídio, fosse no fim de contas uma brincadeira de mau gosto por parte da pessoa que me tinha respondido?!
Creio que a origem desse pensamento é somente a remota esperança de que tal realidade não fosse verdade, a negação de me conformar que a pessoa já partiu e a tristeza que daí advém.

Porquê a foto de Van Gogh?!
Porque o tal amigo tinha algumas semelhancas com ele, sobretudo porque tinha um estilo de desenhar cujos traços eram ridiculamente semelhantes aos tracos daquele artista.



Comentários

  1. Triste, este teu texto :-( O desaparecimento de um amigo, mesmo que anos se tenham passado, é sempre muito doloroso.

    Custa-me a acreditar que esse familiar de teu amigo tenha 'inventado' uma morte tão dramática.

    Infelizmente, nestes últimos tempos, têm sido várias as notícias de suicídio, mesmo de pessoas com alguma fama.

    Os tempos de pandemia apronfundaram terríficamente a solidão de muitos de nós. Não é fácil passarmos de um mundo tão aberto, para um instantãneo mundo fechado. Nem as redes sociais valeram de nada.

    O ser humano não se tornou mais compreensivo, mais doce, mais bondoso...

    Pelo contrário, as pessoas, recolheram-se muito. E os que lá andam, nas redes, ficaram ainda mais maldosos, cruéis, em relação a muitos.

    Van Gogh, um ser tão atormentado. Se teu amigo desenhava com traços tão semelhantes a este enorme pintor, é porque algo o ligava a ele...

    Fica bem! E volta de vez em quando a escrever...

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  2. Olá !

    Lamento, mas já comentei este teu texto, depois da tua atenciosa visita, há algum tempo. Mas, pelos vistos, não publicaste...

    De qualquer modo, venho agradecer tua nova mensagem em 'fragmentos' e deixar votos de bon fim-de-semana !

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