Essa proximidade entre pessoas


Hoje é a nossa vez de passar por aquelas pessoas que, noutros tempos, não em séculos passados, mas em anos passados, nos reconheceriam sem dificuldade porque nos conheciam como sendo filhos de fulano e fulana tal, nos conheciam como sendo os rapazes da rua tal. Eramos crianças, até perto da adolescência, e ainda nos conheciam, depois, com o passar do tempo e após alguns anos afastados e sem ver essas pessoas, passada a idade da adolescência e passado aquilo a que se pode chamar os primeiros anos da idade adulta, passamos novamente por essas pessoas e é como se fossemos estranhos, pessoas novas que, suponho eu, elas pensam nunca ter conhecido na sua vida, crianças transformadas em adultos que nunca entraram em suas casas enquanto tal, que nunca souberam os nomes dos filhos delas, mas que na realidade sabem porque se lembram. Por vezes surge aquela vontade de, ao passarmos, perguntarmos como vai a Senhora "tal"? Lembra-se de mim? Filho de e de? Que morava ali na rua tal? Que é feito dos seus filhos? Mas então seguimos em frente em silêncio, sendo apenas mais uma pessoa desconhecida que passa diariamente naquela rua porque hoje aquela rua é apenas uma rua de passagem, não é a rua a que se pertença mais, não é a rua onde íamos bater à porta dos amigos e perguntar se estavam em casa e se podiam vir para a rua brincar.
Amanhã poderá ser a nossa vez de não reconhecer as crianças de hoje, os filhos de quem conhecemos e de quem supostamente nos lembraremos mais tarde quando, por algum motivo, também se ausentarem daquela zona onde viram os seus filhos crescer. Em todo o caso, a probabilidade de isso acontecer já será menor porque os tempos são outros, e essa familiaridade entre pessoas, sobretudo as que vivem em zonas mais urbanas, fora das vilas ou aldeias, é algo que vai se tornando mais raro. Nos dias de hoje, sobretudo fora dos meios mais pequenos ou reservados, já não se verifica essa proximidade entre as pessoas.

Comentários

  1. Cada vez mais estou afastado dos outros e enganam-se aqueles que julgam que procuro me aproximar seja de quem for.

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    1. Cada um é que supostamente sabe o que é que é melhor para si, por isso há que aceitar ou pelo menos respeitar as decisões/opiniões dos outros.

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