Galveias ... uma vila, um mundo, um universo
Entrar em Galveias é entrar num mundo que pode parecer pequeno e ao mesmo tempo imenso. Apesar de ser um universo restrito, o universo de uma aldeia ou de uma pequena vila, à semelhança de tantas outras que muitos de nós podemos conhecer, tem as suas particularidades e os seus próprios modos de expansão através das estórias e vidas das pessoas que lá habitam e que a tornam real. Pessoas essas que de certo modo acabam por nos dizer algo.
Talvez o evento que abre a história do livro tenha sido um evento imaginário, um evento que abalou a certeza daquelas pessoas, deixando-as à toa...fica talvez ao critério de cada leitor chegar a uma conclusão para aquilo que aconteceu e, de que forma aquele acontecimento, que pode até ter sido uma mentira, influenciou os dias dali em diante nas suas vidas. Afinal não é só nas Furnas, na Ilha de São Miguel, que o cheiro a enxofre pode estar presente de forma constante!
A escrita de JLP sugere, na realidade, esse ambiente rural que tende a não ultrapassar os recantos da memória.
ResponderEliminarAs rugas marcadas nos rostos das pessoas que parecem trazer a manhã à solta no olhar; o cheiro da terra a lembrar a penumbra do silêncio; um sorriso que espreita numa esquina quase à beira da saudade.
Galveias é, também, uma espécie de sossego cúmplice. Um sossego cristalino como o orvalho. Como a água que corria nas velhas fontes.
Pelo teu comentário, suponho que já tenhas lido o livro (já o leste?), caso contrário, e atendendo às tuas palavras, diria que possivelmente conheces o local referido no livro, que. embora de certa forma imaginado, tem também o seu quê de real.
EliminarNão conheço Galveias. Lembro-me, em todo o caso, das férias da minha infância e de uma boa parte da adolescência, passadas na terra de minha mãe, na Beira Litoral.
EliminarLembro-me das festas; da roupa aberta na erva a secar ao sol; das searas e dos arrozais. Lembro-me da aletria e do sabor da broa de milho. Coisas que conservo na memória e que a escrita de JLP me permite recordar.
Sim, já li o livro!...
Como sabes cresci num lugar "especial" onde durante 14 anos foi o meu mundo. Não li o livro, mas acredito que por mais pequena que seja a aldeia ou vila, as pessoas que lá habitam criam o seu próprio mundo, distante das cidades, longe da confusão e "atropelamentos" entre as pessoas.
ResponderEliminarE quantas vezes não temos um evento nas nossas vidas que mal ele acontece, tudo muda?
Cresci, não com o cheio do enxofre, mas com o oceano em cada lado da ilha. Pensando bem sinto saudades de abrir a porta, e ver à minha frente os montes, e do lado esquerdo e direito o mar. E isso fiz faz-me doer a alma, nunca mais terei essa sensação, mas felizmente tenho essa memória bem guardada :-)
Talvez o ver o mar seja daquelas coisas que só sabemos dar o devido valor quando já não as temos. A verdade é que tanto pode ser restritivo como libertador ao mesmo tempo. Depende do estado de espírito.
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