O tocador de violino
Naquela tarde, ou inicio de tarde, que por acaso era Sábado [ mas para nós, e porque naqueles dias não havia dias definidos, já que eles eram especiais e eram nossos, não pertenciam a uma semana ou a um calendário, pertenciam a nós], vagueávamos sem saber ao certo o que é que procurávamos, sem saber qual era o nosso destino ou as nossas intenções. Pairava no ar uma sensação de desamparo [em tom de certa desorientação] e de uma ligeira tristeza que era como o reflexo do céu nas pequenas poças resultantes da acumulação das gotas de água que iam caindo e que se espalhavam ao longo dos passeios e das ruas, era uma sensação de falta de ligação em relação àquele local, em relação àquelas ruas que percorríamos e que, ao passarmos por elas, tentávamos decifrar os seus cheiros, o seu ambiente e a sua lida diária caso não fosse Sábado ao inicio da tarde e as nuvens não estivessem a gotejar de quando em quando. Apesar de toda a melancolia que se podia sentir, tudo isso tinha algo de agradável, t...