Silêncio da Noite


Nos dias em que o sol deixa de ser o sol e que a luz deixa de ser a luz, surge a lua, vazia e apagada, lançando um raio de escuridão densa e tumultuosa envolvendo o dia que já se foi na noite acabada de chegar como um vento que revolta as cortinas e transforma o interior da sala num quarto inerte, onde, de olhos fechados, observo o silêncio acanhado nos braços da noite.

Aos poucos, os passos que me saem dos pés trilham as concavidades do silêncio e da noite, para ao fim de uma certa quantidade de tempo medida em unidades incertas, encontrar o interruptor nómada que acenderá o dia e apagará a noite, devolvendo a vida dos sons e da luz e assim acordar para um dia ensombrado pela timidez da noite perdida e esvaziada em águas errantes que ajeitam as margens de um mar que nesses dias esquece-se do brilho, deixando-o perdido algures no oceano.
Com um olhar entorpecido assisto ao debate das interrogações moderado pelo esquecimento e alimentado pelo desconhecido, na tentativa de remar pelas ondas do mar, que serão iluminadas pelo olho atento do farol nocturno que esconde a solidão e afasta a escuridão ora aqui ora acolá, lançando bolhas de calor que aquecem a alma.

Comentários

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  2. Porque o meu bloqueio no que toca à escrita mante-me e não sei bem a razão disso, acho que talvez o "desconhecido" que falas no teu texto faça parte dos motivos. Mas nem sempre o silêncio da noite é o melhor ouvinte quanto mais amigo.

    Mas no fundo o que é importante é encontrar algo que faça as tais bolhas de calor aquecerem a alma, não apenas a nossa mas a dos outros também é importante porque cada vez mais vivemos num mundo de causa-efeito...

    *Hugs n' smiles*
    Carlos

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