Dias sem Palavras
E como os dias que fingiram que existiram, existem também as palavras que eram para existir e não existiram. Ou ficaram sempre guardadas à espera da altura certa, à espera de mais alguma palavra que fazia parte daquela frase e que não aparecia, talvez estivesse atrasada, para então depois abrirem a porta da rua e irem lá para fora. Outras são as vezes que se pendura as palavras no fio que sai da janela do quarto e vai até ao horizonte, levando as palavras até não sei onde, deixando-as ali até serem precisas. Umas vão ganhando outras formas, outras transformam-se noutras palavras com o passar do tempo e devido às condições do mundo que existe do lado de fora da janela e que está em constante transformação, outras não resistem e caiem do fio perdendo-se na neblina. Ninguém saberá o que lhes aconteceu. Quando o vento é muito, também são muitas as palavras que são arrancadas do fio. Já tentei usar várias coisas para as prender, desde molas de plástico, de madeira, 'clips', cordas, arames, etc, e tembém já pensei que se calhar o problema não é do método usado para as prender mas sim das próprias palavras que podem ser frágeis, leves e sem a consistência necessária.
"Os dias que não são dias são marcados por espaços vazios que nada têm." A frase é excelente e podemos pensar que quer tentar dizer algo mas esse algo é tão vazio como o espaço que ocupa na nossa mente quando ficamos a matutar no que quererá dizer...se esse espaço permanece vazio, a solução é fácil de remediar. Aos poucos enchemos o espaço, de preferência com alguma coisa positiva e quando dermos por isso, os dias passam a ser único e o vazio passa a estar acompanhado...
ResponderEliminar