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A mostrar mensagens de outubro, 2010

Tu, que eras tu sem que fosses tu

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Por vezes vem-me à memória os tempos em que tu eras tu sem que o fosses, e eu era eu, mas mais novo, mais inocente, igual a quem sou hoje, mas com menos uns quilos de anos a pesar no agir, no pensar e no sentir. Havia coisas que eu percebia porque naquele tempo já tinha idade de as perceber, mas tu, que não eras tu, tornavas os dias difíceis e mesmo percebendo, eu não percebia. Eu não percebia tudo, e não percebia tudo porque parte de mim ainda era uma criança que queria estar a ser criança. O tempo era formado por grupos de horas lentas que caminhavam entre o dia e a noite, e eu, pouco mais podia fazer no vagar do tempo, sem ser estar em estado de alerta, a observar os teus movimentos e a decifrar os teus passos, embalado na melancolia daquelas correntes invisíveis que nos amarravam a ti como se fosse uma obrigação nossa. É verdade que queriamos estar presos a ti, mas de outra forma, e que essa fosse o teu abraço em sinal de afectos, como ...

Encadeamento de palavras

Estive aqui para deixar algumas palavras, mas por factores que desconheço, resultantes de pensamentos aleatórios, desconexos, dei por mim a desistir de dar uso às letras, ou pelo menos a parte delas... Aquilo que sobrou ficou escrito através do seguinte encadeamento de palavras... Não é que se esteja necessariamente triste quando se precisa de um momento de silêncio, de introspecção e sossego. Por vezes sabe bem ficar no escuro, ficar simplesmente deitado ao som de algumas músicas, ficar naquele silêncio de melodias que nos levam para outros lugares, para outros momentos, numa espécie de viagem por sonoridades que se transformam em algo mais do que um momento que podia ser mais um vazio, mas não o é. Por contrário poder ser uma breve tentativa de encontrarmos aquela luz que é a felicidade e que queremos acreditar que existe algures em nós. Quando essas faíscas de rejúbilo nos visitam, nasce em nós uma satisfação que nos revitaliza e é ...

Surgiste

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Não sei que dia seria aquele, talvez não fosse preciso haver essa definição porque o importante não era o dia em si, mas sim o momento. Uma vez que não sabia que dia era, tão pouco sabia que horas poderiam ser...seria de manhã? De tarde? Ou já caminhava para a noite?! Isso também não tinha relevância. Tudo o que importava era estarmos presentes, uma presença que, mesmo no inconsciente, não me passava despercebida e eu sabia que se tratava de uma imagem ilusória, no entanto esse detalhe era também ignorado e apenas vivia-se aquela instância, era algo agradável e reconfortante. Uma presença e uma simples conversa. No início, não eras nada, nada de nada! Não eras sequer um ponto, ou um vestígio de um grão de pó! Mas depois surgiste, e aos poucos foste ganhando formas e cores, foste projectando uma imagem, uma existência, um corpo e uma sombra e foste sendo uma pessoa. Uma pessoa que existe. Existe para si, exis...

Conviver

Admiro o mundo, as pessoas, as amizades, os convívios, as relações, a liberdade de viver vivendo a vida, no entanto, não são poucas as vezes que as pessoas se remetem para o seu canto onde supostamente se sentem seguras, e, de certa forma, satisfeitas. Satisfeitas com essa paz, sem perturbações, inquietações, satisfeitas com o seu sentimento de controlo onde não existem situações de ansiedade e desconforto perante o desconhecido. No entanto, há alturas em que isso não é suficiente, estes são os dias do avesso, e essas pessoas acabam por se aperceber de que afinal se trata de uma satisfação que finda numa espécie de vazio e emerge uma necessidade de comunicar, expressar, conviver... isso é a nossa necessidade, e razão ao mesmo tempo, de estarmos de algum modo interligados, cresce em nós uma fome de partilha. Uma partilha que transforma tudo aquilo que gostamos de viver na companhia de mais alguém, em algo verdadeiramente especial. Mu...