Mergulho no ar
Vou a correr com a minha velocidade máxima e através do impulso que consigo dar ao meu corpo, lanço-me no ar e mergulho. Abro os meus braços e rasgo o vento que tenta deter-me sem sucesso. Sinto o tempo a passar por mim como uma flecha que sai de um arco, abro as mãos para o agarrar, mas ele é tão invisível quanto o vento e intocável como a linha do horizonte. É um sentir sem ter tempo para sentir, é sentir as coisas a alta velocidade, é estar a chegar a algum lado depressa mesmo sem saber ao certo o que lá está, lá em cima ou lá em baixo, qualquer que seja a direcção do meu voo. Contínuo na minha viagem vertiginosa... Ultimamente ela tem se tornado mais intensa e têm sido tantas as pequenas coisas que, nem mesmo sendo pequenas, deixam-me a pensar, deixam-me a pensar no antes e depois, e deixam-me a pensar porque esses antes e depois não são antes e depois como a diferença que um corte de cabelo pode fazer. São antes e depois como uma laranja com casca e essa mesma laranja já sem casc...