Naquela Janela - III
"O medo de não saber medir o poder das palavras ou o poder do silêncio quando aplicados no momento errado, o medo de não saber reagir...o medo de uma janela, daquela janela e daquele momento". Só lhe passava pela cabeça que, naquele momento, ela pudesse desistir de si, desistir da sua vida e de tudo, porque vê-la sentada naquela janela era o mesmo que vê -la caminhar em direcção ao desconhecido, na direcção do abismo. Era isso que indicavam os olhos dela. A sua cara pintada com um rasto de lágrimas que não eram mais do que as suas pegadas ao longo daquela caminhada. Ele olhava para ela e tentava ir ao encontro dela através do olhar, mas as lágrimas secavam tão depressa com o vento que soprava pela janela e levava consigo o rasto das pegadas. Mas mesmo assim ele não desistia de ir ao encontro dela, ao encontro do epicentro de toda a angústia que ela poderia sentir naquele momento. Ele sabia que aquele era o momento em que se apercebera que os seus actos não eram simples gesto...