Resposta na Travessa
Durante vários minutos, olho para aquele traço preto vertical que não pára de piscar à espera que alguém decida pressionar umas teclas após pensar qual será trajecto a fazer durante o saltitar dos dedos sobre pequenas peças de plástico, como se se tratassem de pedras soltas num rio, onde a água podia ficar encarregue de trazer algumas palavras e quem sabe até frases que preenchessem todo aquele rectâgulo branco, vazio e frio. Nesse saltitar de pensamentos por cima de letras, ou de pedras, lembro-me de uma conversa banal que de repente se torna num título escrito a vermelho e com letras a Negrito. Resultado de uma fuga de palavras que não pedem permissão para irem dar uma volta e acabam por fazer asneira, porque com a sua ideia de saírem acabam por ir buscar mais palavras que por sua vez vêm acompanhadas de pontos de interrogação, e como os pontos de interrogação são como convidados em nossa casa, que não podemos simplesmente deixá-los sozinhos na sala a verem televisão enquanto vamos...